terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cultura da minha terra!!

Gosto muito da cultura nordestina, entre a variedade de arte que existe nela, o que mais me chama atenção é a literatura de cordel. Não sou muito bom "poeta", mas adoro escrever.
Cultura erdada da minha avó paterna Joana Wenceslau. Quero contar com minhas palavras a história deste Nordestão em que ela e também meus pais conviveram.
A muito tempo atrás
Sei que não lembro da data
Eu não existia ainda
Minha vó é quem relata
Um Nordeste tão sofrido
Pobre cinzento e ferido
Onde a fome é quem mais mata.
Uma extrema miséria
Sem nada para comer
Viviam com o talvéz
Nem água para bebel
Era assim o meu Nordeste
Tinha que ser cabra da peste
Para assim poder viver.
Quando a seca vinha a tona
Não tinha como fugir
Muitas criznças morriam
Estavam sempre a partir
Era assim triste história
Issio ficou na memória
De quem vivia alí.
Com suas cabeças grandes
Perna fina e búxo enchado
Lutavam para viver
Se esforçavam um bocado
Para continuar existindo
Tinha que viver fugindo
Povo pobre, maltratado.
Jumento com caçoar
Sol queimante e céu azul
Mães com latas na cabeça
Crianças brincando nú
Pais plantando no roçado
Tentavam colher um bocado
Sonhos de mudar pra o Sul.
Casinhas feitas de taipa
Muito simples e pequenina
Tamburete, pote e mesa
Em cima uma lamparina
Para eles, um paraízo
Não perdiam o sorrizo
Reino em terra nordestina.
Meninas tinha calunga
Meninos a baladeira
caçavam a ave rolinha
subindo qualquer ladeira
galo-campina, avuete
Corriam como foguete
Muito boa a brincadeira.
Pense num povo valente
vezes ia a ignorância
Não queriam ser lezados
Tinha eles a esperança
De um dia ver seus filhos
Plantando junto dos rios
Felizes como crianças.
Quando vinha o perigo
Pegava logo a pecheira
Espingarda bate-buxa
Isso sem qualquer besteira
Não temia nem a morte
Iam com Deus e a sorte
Enfrentar qualquer barreira.
Quando a chuva chegava
Olha só que alegria
Feijão, milho, fava e arroz
Todos os seleiros enchia
Era essa a esperança
De viver como criança
Em terra seca e vazia.
As vezes se confundiam
Era chuva de verão
Caiam as tanajuras
Pense na decepção
Saber que vai passar fome
Mal que vem e que não some
Pior que um furação.
Tinham sim pouco dinheiro 
Mas tinha felicidade
Cultura, amor e paz
Isso sim é uma verdade
Tinha aquilo de melhor
Mesmo sendo "o menor"
De toda sociedade.
Hoje sim civilizados
Olha só que maravilha
Fome não mais predomina
Isso sim nos contagia
Mais algo ainda tem
Amor e fazer o bem
Bom-humor e alegria.
 

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